17 de fev. de 2007

Resumo da doutrina de Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.) e de Platão (427 a.C. - 347 a.C.).

(Quadro de David, concluído em 1787 -A Morte de Sócrates)




I. O homem é uma alma encarnada. Antes da sua encarnação, existia unida aos tipos primordiais, às idéias do verdadeiro, do bem e do belo; separa-se deles, encarnando, e, recordando o seu passado, é mais ou menos atormentada pelo desejo de voltar a ele. Não se pode enunciar mais claramente a distinção e independência entre o princípio inteligente e o princípio material. E, além disso, a doutrina da preexistência da alma; da vaga intuição que ela guarda de um outro mundo, a que aspira; da sua sobrevivência ao corpo; da sua saída do mundo espiritual, para encarnar, e da sua volta a esse mesmo mundo, após amorte. É, finalmente, o gérmen da doutrina dos Anjos decaídos.

II. A alma se transvia e perturba, quando se serve do corpo para considerar qualquer objeto; tem vertigem, como se estivesse ébria, porque se prende a coisas que estão, por sua natureza, sujeitas a mudanças; ao passo que, quando contempla a sua própria essência, dirige-se para o que é puro, eterno, imortal, e, sendo ela desta natureza, permanece aí ligada, por tanto tempo quanto passa. Cessam então os seus transviamentos, pois que está unida ao que é imutável e a esse estado da alma é que se chama sabedoria.

III. Enquanto tivermos o nosso corpo e a alma se achar mergulhado nessa corrupção, nunca possuiremos o objeto dos nossos desejos: a verdade. Com efeito, o corpo nos suscita mil obstáculos pela necessidade em que nas achamos de cuidar dele. Ao demais, ele nos enche de desejos, de apetites, de temores, de mil quimeras e de mil tolices, de maneira que, com ele, impossível se nos torna ser ajuizados, sequer por um instante. Mas, se não nos é possível conhecer puramente coisa alguma, enquanto a alma nos está ligada ao corpo, de duas uma: ou jamais conheceremos a verdade, ou só a conheceremos após a morte. Libertos da loucura do corpo, conversaremos então, lícito é esperá-lo, com homens igualmente libertos e conheceremos, por nós mesmos, a essência das coisas. Essa a razão por que os verdadeiros filósofos se exercitam em morrer e a morte não se lhes afigura, de modo nenhum, temível.

IV. A alma impura, nesse estado, se encontra oprimida e se vê de novo arrastado para o mundo visível, pelo horror do que é invisível e imaterial. Erra, então, diz-se, em torno dos monumentos e dos túmulos, junto aos quais já se têm visto tenebrosos fantasmas, quais devem ser as imagens das almas que deixaram o corpo sem estarem ainda inteiramente puras, que ainda conservam alguma coisa do forma material, o que faz que a vista humana possa percebê-las. Não são as almas dos bons; silo, porém, as dos maus, que se vêem forçadas a vagar por esses lugares, onde arrastam consigo a pena do primeira vida que tiveram e onde continuam a vagar até que os petites inerentes à forma material de que se revestiram as reconduzam a um corpo.

V. Após a nossa morte, o gênio (daimon, demônio), que nos fora designado durante a vida, leva-nos a um lugar onde se reúnem todos os que têm de ser conduzidas ao Hades, para serem julgados. As almas, depois de haverem estado no Hades o tempo necessário, são reconduzidas a esta vida em múltiplos e longos períodos.

VI. Os demônios ocupam o espaço que separa o céu da Terra; constituem o laço que une o Grande Todo a si mesmo. Não entrando nunca a divindade em comunicação direta com o homem, é por intermédio dos demônios que os deuses entram em comércio e se entretêm com ele, quer durante a vigília, quer durante o sono.

VII. A preocupação constante do filósofo (tal como o compreendiam Sócrates e Platão) é, a de tomar o maior cuidado com a alma, menos pelo que respeita a esta vida, que não dura mais que um instante, do que tendo em vista a eternidade. Desde que a alma é, imortal, não será prudente viver visando a eternidade?

VIII. Se a alma é imaterial, tem de passar, após essa vida, a um mundo igualmente invisível e imaterial, do mesmo modo que o corpo, decompondo-se, volta à matéria, Muito importa, no entanto, distinguir bem a alma pura, verdadeiramente imaterial, que se alimente, como Deus, de ciência e pensamentos, da alma mais ou menos maculada de impurezas materiais, que a impedem de elevar-se para o divino e a retêm nos lugares da sua estada na Terra.

IX. Se a morte fosse a dissolução completa do homem, muito ganhariam com a morte os maus, pois se veriam livres, ao mesmo tempo, do corpo, da alma e dos vícios. Aquele que guarnecer a alma, não de ornatos estranhos, mas com os que lhe são próprios, só esse poderá aguardar tranqüilamente a hora da sua partida para o outro mundo.


X. O corpo conserva bem impressos os vestígios dos cuidados de que foi objeto e dos acidentes que sofreu. Dá-se o mesmo com a alma. Quando despida do corpo, ela guarda, evidentes, os traços do seu caráter, de suas afeições e as marcas que lhe deixaram todos os atos de sua visa. Assim, a maior desgraça que pode acontecer ao homem é ir para o outro mundo com a alma carregado de crimes. Vês, Cálicles, que nem tu, nem Pólux, nem Górgias podereis provar que devamos levar outra vida que nos seja útil quando estejamos do outro lado. De tantas opiniões diversas, a única que permanece inabalável é a de que mais vale receber do que cometer uma injustiça e que, acima de tudo, devemos cuidar, não de parecer, mas de ser homem de bem. (Colóquios de Sócrates com seus discípulos, na prisão.)


XI. De duas uma: ou a morte é uma destruição absoluta, ou é passagem da alma para outro lugar. Se tudo tem de extinguir-se, a morte será como uma dessas raras noites que passamos sem sonho e sem nenhuma consciência de nós mesmos. Todavia, se a morte é apenas uma mudança de morada, a passagem
para o lugar onde os mortos se têm de reunir, que felicidade a de encontrarmos lá aqueles a quem conhecemos! O meu maior prazer seria examinar de perto os habitantes dessa outra morada e distinguir lá, como aqui, os que são dignos dos que se julgam tais e não o são. Mas, é tempo de nos separarmos, eu para morrer, vós para viverdes. (Sócrates aos seus juizes.)



XII. Nunca se deve retribuir com outra uma injustiça, nem fazer mal a ninguém, seja qual for o dano que nos hajam causado. Poucos, no entanto, serão os que admitam esse principio, e os que se desentenderem a tal respeito nada mais farão, sem dúvida. do que se votarem uns aos outros mútuo desprezo.

XII. É pelos frutos que se conhece a árvore. Toda ação deve ser qualificada pelo que produz: qualificá-la de má, quando dela provenha mal; de boa, quando dê origem ao bem.


XIV. A riqueza é um grande perigo. Todo homem que ama a riqueza não ama a si mesmo, nem ao que é seu; ama a uma coisa que lhe é ainda mais estranha do que o que lhe pertence.


XV. As mais belas preces e os mais belos sacrifícios prazem menos à Divindade do que uma alma virtuosa que faz esforços por se lhe assemelhar. Grave coisa fora que os deuses dispensassem mais atenção às nossas oferendas, do que a nossa alma; se tal se desse, poderiam os mais culpados conseguir que eles se lhes tornassem propícios. Mas, não: verdadeiramente justos e retos só o são os que, por suas palavras e atos, cumprem seus deveres para com os deuses e para com os homens.



XVI. Chamo homem vicioso a esse amante vulgar, que mais ama o corpo do que a alma. O amor está par toda parte em a Natureza, que nos convida ao exercício da nossa inteligência; até no movimento dos astros o encontramos. É o amor que orna a Natureza de seus ricos tapetes; ele se enfeita e fixa morada onde se lhe deparem flores e perfumes. É ainda o amor que dá paz aos homens, calma ao mar, silêncio aos ventos e sono a dor.

XVII. A virtude não pode ser ensinada; vem por dom de Deus aos que a possuem.


XVIII. É disposição natural em todos nós a de nos apercebermos muito menos dos nossos defeitos, do que dos de outrem.


XIX. Se os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma. Ora, não se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passe bem.

XX. Todos os homens, a partir da infância, muito mais fazem de mal, do que de bem.

XXI. Ajuizado serás, não supondo que sabes o que ignoras.

Revivesse hoje Platão e acharia as coisas quase como no seu tempo e poderia usar da mesma linguagem. Também Sócrates toparia criaturas que zombariam da sua crença nos Espíritos e que o qualificariam de louco, assim como ao seu discípulo Platão. Foi por haver professado esses princípios que Sócrates se viu ridiculizado, depois acusado de impiedade e condenado a beber cicuta. Tão certo é que, levantando contra si os interesses e os preconceitos que elas ferem, as grandes verdades novas não se podem firmar sem luta e sem fazer mártires.

(Retirado do Evangelho Segundo Espiritismo - Introdução - Pag. 44-52.Ed.FEB)

2 de fev. de 2007

A Relatividade da Realidade.

Como nos encontramos atados a matéria e limitadas em nosso sentidos, toda nossa concepção de realidade além do mundo das energias, digo além daquilo que chamamos de universo astral, são indicações imprecisas da realidade porém o tempo e a natural expansão de nossa consciência devido a nosso esforço de libertação, nos apontará para verdades maiores que nos conduzirão a outras, pois tudo é relativo nesse mundo; ainda assim, cabe a nós procurarmos esse caminho pois, essa
estreita porta do conhecimento é serventia para aqueles que sinceramente buscam o sentido maior de suas existências.

Citei que podemos falar sobre o astral ou sobre as almas porque elas estão presas ao mundo das energias e muitos irmãos não habituados com conceitos esotéricos podem estranhar essa observação mas, lembramos que o verdadeiro espírito está além da forma e utiliza de corpos energéticos para se manifestar no mundo das formas pois, ele é essência e está além de nossa vaga percepção, e trataremos mais desse assunto no futuro; Porém, ilustrando a realidade conceitual da qual partilhamos, transcrevo um profundo Hino Védico Milenar do Hinduísmo, chamado de Nasadiya no Rig-Veda, que demonstra claramente esse conceito de incerteza a respeito dos mistérios da vida:

“ No princípio, não havia o Ser nem o não-Ser.
Não havia nem o ar, nem o firmamento para além dele.
O que é que se movia, então, ruidosamente?
E onde?
E sob a guarda de quem?
Eram as águas que estavam debaixo do firmamento?
Era o abismo das águas, insondável?
Naquele tempo não havia nem morte, nem imortalidade.
A luz não fora ainda separada das trevas.
e as trevas cobriam o abismo.
Aquele que é o uno,
respirava sua própria respiração.
E, afora ele, nada mais existia,
apenas uma exceção, a noite,
A terra era vazia, vaga,
até que, fruto do Ardor,
o Uno viesse surgindo.
O ardor era o desejo,
e o desejo foi a primeira semente.
Foi o primeiro germe do espírito.
Depois, voltados para dentro de si mesmos,

os poetas descobriram a relação entre Ser e não-Ser.
Sua corda estava estendida na transversal.
O que havia acima dela?
E o que havia abaixo dela?
Havia semeadores semeando.
Havia forças em ação.
O elã, espontâneo, estava embaixo.
O Dom de si estava em cima.
Quem sabe, com certeza apodítica,
de onde provém, como criação secundária?
Os deuses nasceram depois do universo.
eles também vieram depois.
Quem sabe precisar sua origem ?
Quem saberia explicar a criação que veio depois,
a dos deuses e a dos homens,
se tudo faz parte de um grande plano?
Só aquele que tudo vigia lá do mais alto dos céus,
só ele o sabe. Mas sabe mesmo ?

A FILOSOFIA OCULTA.


Cristo nos ensinou que o reino dos céus está dentro de nós.

O homem é a cópia do universo, o sangue que corre em nossas veias não é menos importante do que o éter cósmico, o coração que bate em nosso peito, não é menos importante do que a lua que impõe seus influxos à Terra, e a mente humana não é menos brilhante do que o Sol que nos ilumina. E aminhando nessa direção, entendemos que a essência da vida revela a natureza divina da criação, e compreendemos que somos mais do que cadeias de carbono, que estamos, em essência, muito além dos aspectos externos e materiais , e esse é o maior mistério, pois a vida não é desse mundo e como Jesus disse: “Homens sois deuses... Entendendo esse mistério, podemos sentir a criação, pelo amor e espiritualidade que brota do fundo de nossas almas, e que nos proporciona um profundo sentimento de unidade com o universo, de modo que, conseguimos sentir o cosmos a pulsar dentro de nós.
E nos conscientizando de que somos parte do Todo, entendemos as palavras cristãs, o famoso: Amai-vos uns aos outros; E entendemos que como partes integrantes da coletividade somos diretamente responsáveis pelo destino da humanidade; logo, procuremos trabalhar para a evolução da humanidade, principalmente no que tange ao amor fraternal que unirá os povos, unirá as nações que hoje se encontram fragmentadas pelas barreiras culturais, raciais, territoriais ou continentais....

2007 o Ano do EREMITA


ARCANO 9


O EREMITA

No topo de uma montanha coberta de neve, em solitário esplendor, um eremita usando um manto e um capuz está em pé segurando a lamparina do espírito e apoiando-se no cajado da intuição. Ele veste o manto da discrição, e mostra reservadamente o caminho àqueles que ousam seguí-lo. Ele trilha o caminho do vôo do solitário para o solitário, mas do seu experiente exemplo dependem inúmeros aspirantes à iniciação nos mistérios do espírito. Ele não é mais um homem do mundo, porém não está ainda junto dos deuses. Assim, a sua solidão é inacreditavelmente grande, e extremamente gloriosa.



SIGNIFICADO DIVINATÓRIO



Informação. Conhecimento. Solicitude. Prudência. Discrição. Cautela. Vigilância. Espírito de sacrifício. Retraimento. Recuo. Deserção. Anulamento. Falta de sinceridade. Ausência de expressão. Um solitário ou uma pessoa incapaz de partilhar com outras pessoas. Enganoso. Tendência para esconder emoções. Medo de ser descoberto. Tendência para delongar-se complacentemente dentro dessa riqueza de conhecimento, como se ela fosse algo de muito valor, sem conseguir utilizar as informações para atingir um objetivo ou uma aplicação.




SIGNIFICADO CABALÍSTICO



· Vigésimo Caminho: De Tiphareth a Chesed
· O Caminho de Yod - O Eremita
· A Nona Carta
· Cor do Caminho - Verde-amarelado
· Som relacionado - Fá Natural
· Signo - Virgem (Terra Mutável)
· Significado - Mão
· Letra Simples - Amor sexual
· Título Esotérico - O Profeta do Eterno, o Mago da Voz do Poder.
· Letra Hebraica: YOD





O Vigésimo Caminho é a Inteligência da Vontade, assim chamado porque constitui os meios de preparação de todas as coisas criadas, sendo por meio dessa inteligência que a Sabedoria Primordial se torna conhecida.
O Caminho de Yod liga Tiphareth (o núcleo Cristo-Buda) a Chesed (o Arquiteto da Manifestação). Em suma, ele representa o começo independente da manifestação. Ele é o próprio ponto de origem de nosso Universo manifesto, em contato direto com a Fonte Divina de Todas as Coisas. É o Caminho através do qual o Demiurgo escapa da escuridão. É a chegada da Luz da manifestação através de Microprosopus.
Como quer que O EREMITA possa ser descrito, trata-se fundamentalmente de uma carta de união. Ela representa o primeiro ponto de consciência, por parte do Eu Superior, a respeito do Supremo Eu Espiritual, explicável apenas através da mais erótica das imagens. Esta idéia é apoiada pelo Sepher Yetzirah, o qual atribui o amor sexual à letra simples Yod. Todavia, esta não é a sexualidade da cópula, pois a carta é a essência do isolamento e da singularidade. A "sexualidade"é auto-suficiente e independente, uma qualidade descrita cripticamente nos documentos da Aurora Dourada como "Prudência".
Idéia Fundamental
Do amor humano, sacrificado sobre o altar da beleza, prosseguimos para o amor divino que tudo sustenta, suportando assim a solidão daquele que sacrificou tudo o que era, sem ter ainda se transformado no que será.
Lema: " Mantém-se só e isolado, porque nada que está materializado, nada que tem consciência da separação, nada que não seja eterno, pode vir em teu auxílio." Luz no Caminho, Cap. I - Mabel Collins