21 de ago. de 2010

Poema do Dharma,

Todos os seres por natureza são Buda,
tal como o gelo por natureza é água;
à parte da água não há gelo,
à parte dos seres não há Buda.
 
Que pena as pessoas ignorarem o que está próximo e procurarem a verdade no longínquo,
como alguém mergulhado na água
lamentando-se com sede,
ou uma criança de uma casa abastada
vagueando entre os pobres.
 
Perdidos nos caminhos sombrios da ignorância
vagueamos através dos seis mundos,
de caminho sombrio em caminho sombrio vagueamos,
quando estaremos livres do nascimento e da morte?
 
É por isto que o zazen do Mahayana
merece o mais alto apreço:
oferendas, preceitos, paramitas,
Nembutsu, expiação, prática –
as muitas outras virtudes –
todas brotam dentro do zazen.
 
Aqueles que tentam o zazen ainda que uma vez
limpam imensuráveis crimes –
onde estão então todos os caminhos sombrios?
A própria Terra Pura está próxima.
 
Aqueles que ouvem esta verdade ainda que uma vez
e a recebem com um coração grato,
estimando-a, venerando-a,
ganham bênçãos sem fim.
 
Quanto mais se tu te viras
e confirmas a tua própria natureza –
essa natureza é não natureza –
estás muito para lá de meros argumentos.
 
A unidade de causa e efeito é clara,
não dois, não três, o caminho é correctamente estabelecido;
com forma que é não forma,
indo e vindo – nunca perdido,
com o pensamento que é não pensamento,
cantar e dançar é a voz da Lei.
 
Ilimitado e livre é o céu do samadhi!
Brilhante a lua cheia da sabedoria!
Faltará porventura agora alguma coisa?
O nirvana é aqui, perante os teus olhos,
este próprio lugar é a Terra do Lótus,
este próprio corpo o Buda.

Hakuin Ekaku [1685 – 1768]
(Traduzido por João Rodrigues a partir da versão em Inglês de Robert Aitken Roshi - Diamond Sangha Zen Buddhist Society; revisão de Margarida Cardoso)

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